UMA FREGUESIA QUE NÃO EXISTE

NO PAPEL...

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

AUTÁRQUICAS 2013 (NOTA FINAL)




Sim, a derrota do PS na Guarda tem um rosto, mas não é de todo, o de quem no dia 29 assumiu para si a culpa da derrota.
Mas disso se tratará mais à frente, nas linhas que se seguem.

Seria hipocrisia da minha parte, se depois de tanta publicação dedicada a este tema durante os últimos nove ou dez meses, me remetesse agora ao silêncio.

Sendo do conhecimento de todos os que acompanharam o que por aqui fui lavrando, de que nunca votaria em Amaro, tenho que reconhecer que se essa foi a vontade de todos aqueles que residindo na Guarda lhe deram o voto de confiança, tenho o dever de respeitar a escolha e esperar que os vencedores façam o melhor trabalho possível em prol da Guarda que amamos.

Porém, há questões que não queria deixar passar em branco.

_Faz-me alguma confusão o número de amigos que vejo a manifestar o seu regozijo pela vitória da direita na Guarda depois de conhecidos os resultados, quando comparado com o número de amigos que manifestaram publicamente o seu apoio ao candidato ganhador antes das eleições. A diferença é simplesmente abismal.
Dirão por ventura alguns "não me manifestei antes por ter medo de represálias", como já vi escrito até em páginas oficiais de candidaturas.
Mas que raio de gente é essa que se esconde por detrás deste argumento? Medo?!!
Assim sendo, não estão a ignorar todos aqueles que se impuseram contra a ditadura?!
Agindo assim, ainda hoje estávamos privados da liberdade que todos temos em nos manifestar.

_Dizem por aí que Amaro ganhou porque havia uma "Enorme vontade de mudança".
Dizem agora "à boca cheia" que Amaro ganhou porque a Guarda estava farta da governação socialista.
Não nego esse pensamento aos verdadeiros apoiantes do candidato laranja, mas para uma grande parte dos eleitores que lhe deram a vitória, a razão foi outra.
Amaro não ganhou por mérito próprio, bem como Igreja não perdeu por sua única responsabilidade.
A derrota do PS na Guarda tem um nome, Virgílio Bento.

Para mim, a candidatura de Virgílio Bento foi tudo menos uma candidatura independente.
Virgílio, perdeu eleições dentro de um partido, a escassos meses de lançar a sua candidatura dita "Independente".
Virgílio, tinha toda a legitimidade para concorrer como independente se houvesse afirmado "sou candidato à CMG independentemente de ter ou não o apoio do Partido Socialista" antes de ir a votos na Concelhia que chegou a presidir.
Manuel Alegre por exemplo, teve essa coragem em relação às presidenciais.
Não nego que na candidatura "A Guarda Primeiro" havia muita gente com esse sentido de independência política. Não era manifestamente o caso de Bento e Rodrigues.
Diz-se agora, eu próprio coloquei a questão, que "o feitiço se virou contra o feiticeiro", quando Igreja impugnou a lista de Bento.
Mas não podemos fazer este juízo sem voltar a trás no tempo.
A essência da derrota socialista esteve na falta de espírito democrático da parte do então candidato a candidato nas estruturas internas do PS e que saiu vetado pelos seus pares.

Nada tenho contra candidaturas independentes.
Sou até cada vez mais adepto desse direito democrático em fazer emergir do povo anónimo, do povo apartidário, aqueles que nos podem governar.
Mas terão de ser independentes mesmo!
Se me custa a compreender a forma como os eleitos como independentes nas listas dos partidos, rapidamente são "absorvidos" por aquelas organizações políticas e passam então a militantes; mais me custa a entender que tão repentinamente se passe de presidente de uma concelhia partidária para uma militância independente...

Como referi mais que uma vez durante as últimas semanas, o movimento "A Guarda Primeiro" fez bem à Guarda pelo debate de ideias, mas também porque este movimento estava muito para além de Virgílio e Rodrigues.

Para finalizar, desejo profundamente os maiores sucessos a Álvaro Amaro, enquanto presidente da CMG. Porque os seus sucessos serão os sucessos da Guarda.

PS: Sobre as eleições autárquicas, nada mais me ouvirão.

O presidente da "Junta"

3 comentários:

  1. Gostei de ler a sua análise, legítima, mas da qual discordo. Os eleitores socialistas, pelo menos a maioria, viam em Virgílio Bento o melhor candidato à Câmara: alguém que conhece a cidade, cujo trabalho na Câmara todos reconhecem, que anda na rua, dá a cara e não lhes fala com sobranceria. Mas os militantes do PS não quiseram que fosse ele o candidato. O partido foi sequestrado - e não é difícil sequestrar uma organização onde votam cerca de 200 pessoas - e posto ao serviço de interesses pessoais. E as pessoas sabem como decorreu o processo da escolha de Igreja. E sabem como este - e os que o rodearam - foram incapazes de unir o partido em torno da candidatura de Igreja. Foi esta confusão, aliada ao péssimo mandato de Valente que levaram o PS a ter o resultado que teve!
    Amaro limitou-se a gerir (bem) toda esta circusntância.
    Virgilio era o candidato preferido pela maior parte das pessoas. E o PS negou esse candidato aos guardenses 2 vezes!!! O que pensava o PS que as pessoas iriam fazer? Comer e calar?
    Não souberam ler e interpretar o sentimento da sociedade. Foram políticamente incompetentes. E por isso devem demitir-se todos: prestaram um mau serviço ao partido e à cidade.

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  2. Caro freguês, como deve ter percebido em momento algum referi a minha preferência por qualquer dos visados, para governar o Concelho.
    Não fiz antes das eleições e seria deselegante fazê-lo agora.
    Concordo que as estruturas do PS não souberam gerir este processo. Concordo também com a demissão que propõe.
    Na última década os acontecimentos na Federação e na delegação do PS Guarda têm tido enredos que dariam para fazer uma novela.
    Traições, traições, ás vezes até com sangue à mistura...

    Quanto ao que afirmo sobre a "não-independência" de Bento, mantenho as mesmas convicções.
    Tenho para mim que, considerando até haver toda a legitimidade para o fazer, Virgílio devia no dia em que Valente afirma não se recandidatar, afirmar-se como candidato à presidência da Câmara, com ou sem o apoio do PS.
    Afirmar-se como independente, apenas seis meses depois de concorrer dentro do partido que representou durante oito anos, tenha paciência caro amigo, a independência era muito pouca.

    Tenho pena que as coisas tenham acabado da forma que conhecemos.
    E sem tirar eventuais e até factuais méritos a VB, lamento também que muitas das pessoas que o acompanharam nesta demanda, tenham "aparecido" neste movimento, desta forma.
    Como disse, "A Guarda Primeiro" vai é muito mais que Bento e Rodrigues.
    Reconheço nas suas fileiras muita gente credível e capaz.
    Reconheço em muitos dos seus apoiantes, gente que faz e fará muito pela Guarda.
    A questão não está em quem fez, mas sim como o fez.
    Agradeço a atenção dada a este espaço que o saberá receber sempre que disso seja merecedor.

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  3. Correcção

    "...A Guarda Primeiro é muito mais..."

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