domingo, 16 de outubro de 2011
TÃO ACTUAL ESTE TEU ANTIGO POEMA, PAI
IMAGENS DA VIDA REAL
Num mutismo silencioso , sepulcral, funéreo
Lias de orvalho prateado dos olhos caindo
Pelo rosto cadavérico, cheirando a cemitério,
Que as sombras da morte vão já cobrindo.
Arrastando o seu corpo dorido vegeta
O velho e triste operário esquecido
Logrando alcançar no pouco que lhe resta
Um tanto daquilo que lhe é devido.
O não se envergonhar de ser reformado,
O direito a uma velhice digna e feliz,
O não ter de se sentir como um exilado
Dentro da sua terra e do seu país.
O direito a viver como qualquer cidadão,
O direito de estar integrado na sociedade,
O de cada dia que passa ter pão
Sem ter que implorar caridade.
De quem passa a vida a trabalhar
Ter reforma é seu pleito.
Ninguém pode nem deve espoliar
Aquilo a que o ser humano tem direito.
Que aos deuses chegue o brado
De tanta injustiça sem nome
Porque também ter fome é pecado
E há tanta, tanta gente com fome...
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Das recordações que guardo com maior apreço da minha infancia que muito foi passada junto dessas duas pessoas que amo profundamente (avô e avó) é sem duvida aquando da comemoração das bodas de ouro no final do jantar, Ele se ergue e profere um dos seus poemas (se bem me recordo o seu famoso poema há terra natal) e com a sua voz embrenhada nas lagrimas que caiam encheu toda a sala com uma enorme salva de palmas (e lágrimas) daqueles que o presenciaram...
ResponderEliminardiga-se que é uma das fotografias temporais que guardo com mais carinho!
um abraço
João, não tenho a certeza de que esse tenha sido o poema que ele recitou. Penso que o que nos levou a todos começar a chorar, foi mesmo o facto de ele falar sobre a história de vida que os dois tiveram ao longo de 50 anos, com as felicidades e agruras que todos passámos.
ResponderEliminarNo entanto aqui fica o poema de que falas:
Terra Mãe
É com os olhos rasos de água
E o coração cheio de mágoa
Que eu canto esta verdade.
Para mim és terra bendita
Porque nascer em ti tive a dita
E tenho de ti imensa saudade.
Tenho outra terra adoptiva
Mas p'ra mim és a mais querida
De todas que o mundo tem.
Embrenhada entre montanhas
Tenho de ti saudades tamanhas
Porque és a minha terra mãe.
Em ti vi a luz do dia
E dei bocejos de alegria
Na minha infância inocente.
Também tive as amarguras
E Conheci as agruras
De ser órfão adolescente.
Entre o verde dos pinhais
Dos vinhedos e olivais
Onde o ar dá mais saúde.
Dávamos grandes passeios,
Brincadeiras, devaneios,
Nos tempos de juventude.
E as horas bem passadas
Apanhando as orvalhadas
Em noites de S. João...
Ao Cheirinho do manjerico
Havia sempre bailarico
Como era tradição.
Com lindas moçoilas, belas
Cintilantes como estrelas
Com quem muito eu dancei!
Pareciam mouras encantadas
Dos lindos contos de fadas
Que tantas vezes escutei...
De uma boca hoje calada
Tantas vezes por mim beijada
Que o teu seio já contém!
Era uma pobre velhinha
Que para mim era rainha,
Era a minha querida Mãe...
é possivel sim...confundi-me com a beleza das palavras que ele diz...sem duvida que este para mim é dos poemas mais bonitos dele...obrigado mais uma vez por partilhares connosco estes tesouros que muito me alegram ao ler por recorda-me muitas coisas que passei junto deles...um grande abraço
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