
Há uns anos a esta parte, por esta altura já os nervos andavam em franja!
A noite de ontem, já tinha servido para apalpar o terreno. A festa já tinha começado!
Os preparativos, esses tinham-se iniciado não muito antes, porque tudo era feito na própria da hora (ou quase tudo).
Se a festa começava no dia 12, o recinto era vedado no dia 11.
As luzes de cores várias, eram estendidas poucas horas antes do início do primeiro baile. O rosmaninho colhido na véspera. Na cozinha, na hora de ascender o fogão, as mulheres davam por falta das coisas mais elementares e de que os homens se haviam esquecido.
Mas na hora H? Na hora H tudo lá estava!
Até o electricista marcava presença para o caso de haver algum percalço. E não é que invariavelmente havia um percalço?!!!
Nas noites que antecediam as primeiras folias, lá íamos em grupos colar os cartazes das festas por tudo quanto era sítio. Locais havia, em que as pessoas já sabiam o que ali nos levava.
E durante quinze dias, após o nosso horário laboral (não no meu caso porque sempre tirava férias para dedicar a esta causa) lá andávamos com a velhinha FORD equipada com os altifalantes a anunciar as melhores festas dos santos populares da cidade da Guarda!
O pregão era quase sempre o mesmo! Ou não fosse o pregador também repetente...
"Festas dos Santos Populares Lameirinhas 199..."
"No dia tal, grandioso baile abrilhantado pelo conjunto rompe e rasga!"
"Serviço de bar permanente! Sardinha assada! Frango de churrasco! Caldo verde e Caldo de grão!"
"Se gosta de dançar, não se esqueça! Festas dos Santos populares, são nas Lameirinhas!"
"Venham divertir-se connosco!"
Evidentemente, a noite mais aguardada era a de S. João (23/24).
Aí sim, andava tudo em alvoroço!
As mãos eram poucas para tanto trabalho!
"Sai uma dúzia de sardinhas!"
A malta esfalfava-se para a todos servir com o máximo de rapidez e qualidade!
"Então os dez caldos que pedi? Saem ou não saem?!!"
Eram sempre os mesmos! Mas cada um trabalhava com uma vontade enorme!
"Ó chefe! Então ninguém me atende?" Gritavam de um lado.
"Já lá vamos!" Gritávamos do outro.
Mas a coisa fazia-se!
Quando dava-mos por ela, já a noite tinha passado.
O último dia de festa, era sempre no dia de S. Pedro (29).
Neste dia, já estávamos mais descontraídos. O pior (ou melhor) já tinha passado.
Durante o baile dessa noite, queimava-se a "Boneca" ao som de uma música que o tocador dedicava à organização. Era o ponto final!
E nós, cada um de nós, cada um dos que ao longo de três semanas trabalhava para que a festa fosse possível, ficávamos satisfeitos! Agradecíamos uns aos outros a dedicação e trabalho.
Não importava se no final, havia lucro!
Bastava que não houvesse prejuízo. E não havia nunca!
É a cada uma dessas pessoas que daqui envio um Bem-haja pelo que fizeram (alguns continuam a fazer) em prol das Festas, em prol Do GDRL e em prol das Lameirinhas!
O presidente da "Junta"