HIPOCRISIA

Começo este meu texto por dizer que nunca fui entusiasta pela escrita de José Saramago. Foram poucas as obras de sua autoria que li. Entre elas o Memorial do Convento e já muito recentemente o Ensaio sobre a Lucidez.
Também nunca vi com agrado a forma como criticava tudo e todos como se de um ser acima dos outros se tratasse.
Lamento a sua partida deste mundo. Mas lamento-a com o mesmo sentimento que me assola quando vejo num jornal a morte de quem quer que seja, independentemente de ser ou não alguém que conheça.
Hoje, nos Telejornais assisti a uma hipocrisia total por parte de muitos daqueles que enquanto vivo, sentiam Saramago atravessado na garganta. Políticos de todos os quadrantes, incluindo do PCP do qual era militante, o actual e ex-presidentes da República, o actual e ex-primeiros Ministros, parecem hoje as carpideiras de outrora.
Houve um, apenas um político que devo tirar deste saco lacrimejante. Foi o ex-secretário de estado da cultura, Sousa Lara. Foi o único que embora lamentando a morte do Nobel da literatura, afirmou que se fosse hoje voltaria a vetar a candidatura do livro "Evangelho Segundo Jesus Cristo" a um prémio literário Europeu.

O presidente da "Junta"